quinta-feira, 24 de março de 2011

Centro de Estudos da UnB na Chapada será pioneiro na exploração do Cerrado


25/10/2010 - Foto: Luiz Filipe Barcelos/UnB Agência
UnB Agência Luiz Filipe Barcelos/UnB Agência

Com as obras avançadas, unidade voltada para o desenvolvimento regional deve ser inaugurada até março, em Alto Paraíso (GO)

O Cerrado é a savana com a maior biodiversidade do planeta. Segundo maior bioma brasileiro – envolvendo oito estados do país – suas riquezas vão da exuberância de flora e fauna únicas às manifestações culturais de comunidades ali estabelecidas. Mesmo com tantos motivos, a região não conta com um centro de pesquisa específico. Ou melhor, não contava. Com a missão de promover a exploração científica e o desenvolvimento da região, a Universidade de Brasília será pioneira com a inauguração do primeiro Centro de Estudos Avançados do Cerrado, em março.

A unidade de ensino, pesquisa e extensão está em construção no município de Alto Paraíso (GO), coração da Chapada dos Veadeiros. A equipe da UnB Agência percorreu os 230 km que separam o lugar e Brasília para acompanhar a iniciativa inédita. Em um terreno de 47 mil m², tomado por um cerrado recém recuperado das queimadas que castigaram a Chapada nos últimos meses, as paredes de solo-cimento (técnica de construção com baixo impacto ambiental) sustentam as toras de eucalipto reflorestado que formam as estruturas dos telhados.

Nos 1.508 m² de área construída funcionarão salas de professores, salas de aula, laboratórios de Biologia e informática, hospital veterinário, auditório, ateliê de artes, biblioteca, alojamento, área de camping, cozinha experimental e até um banheiro seco (que não usa água no trato dos dejetos). “É uma proposta que já nasce diferente não só pela ideia de sustentabilidade, mas principalmente por descentralizar a universidade e aproximar a academia da sociedade”, afirma a geóloga Nina Laranjeira, coordenadora do centro.

A vocação da unidade, localizada em uma das áreas mais representativas e preservadas de Cerrado, é a exploração científica do bioma. “Não nos limitaremos aos estudos de fauna e flora ligados à conservação”, conta Laranjeira. “As questões sociais, culturais e econômicas dos municípios e comunidades que vivem na região, como os quilombolas, também serão parte das atividades”, completa. Ao todo, 30 estudantes e 20 professores de nove unidades acadêmicas da UnB estão envolvidos no projeto.

Laboratório
A ideia inicial é oferecer disciplinas semi-presenciais no Centro de Estudos. “Teremos todo o apoio para pesquisadores e estudantes que queiram explorar o imenso laboratório verde que é o Cerrado, inclusive com um Centro de Documentação voltado para o tema”, adianta Nina. A extensão é o principal foco das atividades. “Vamos estreitar as relações com a comunidade, principalmente com as escolas de ensino básico”, completa a professora, explicando que o centro contará com autonomia em relação às unidades acadêmicas da UnB.

Você sabia?
Dados recentemente divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente alertam que os 50% da cobertura original do Cerrado que ainda restam podem desaparecer nas próximas cinco décadas, caso o ritmo de devastação não seja freado. Segundo o levantamento, o bioma perde 1% de sua vegetação por ano.

O professor do Instituto de Biologia, Roberto Cavalcanti, destaca o papel da UnB nas transferência de conhecimento aos habitantes do Cerrado. “Por se tratar de um bioma extremamente estratégico e vulnerável é preciso estímulo e qualificação profissional para explorá-lo de forma sustentável. E, mais do que a nossa missão, essa é a nossa obrigação”, diz o especialista. As atividades iniciais, como o mapeamento de espécies da fauna e flora e o levantamento sócio-econômico, devem abranger os município de Alto Paraíso, Colinas do Sul, Teresina de Goiás e Cavalcante.

Esperança
O Centro de Estudos Avançados do Cerrado é sinônimo de esperança para a população da Chapada. A coordenadora pedagógica de uma das duas escolas estaduais de Alto Paraíso, Maria das Dores Nunes, conta que a chegada da universidade – que já possui com um pólo de ensino a distância no município – pode e deve mudar a realidade do lugar. “Hoje convivemos com a estrutura precária de ensino”, diz. “Tudo o que vem a acrescentar é bem vindo e a credibilidade da UnB, que já vem fazendo parcerias conosco, renova a esperança por mudanças”.

O prefeito do município, Alan Gonçalves, afirma que a unidade é a realização de um sonho para os cerca de 8 mil habitantes da cidade. “A UnB representa o reforço da identidade local, voltada para a preservação e a exploração sustentável do meio ambiente e a qualidade de vida”, conta ele, que é mestre pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB, uma das unidades envolvidas no projeto.

Idealizador
A ideia do Centro de Estudos não veio da UnB. Surgiu dos anseios da comunidade de Alto Paraíso, representada pelo vereador do Partido Verde Eduardo Estellita, o Dáda. Morador do município há 30 anos, ele apresentou o projeto nas conferências Regional e Nacional do Meio Ambiente, em 2007. “Com a proposta aprovada, começou a luta para conseguir o terreno e a verba para a execução da obra”, lembra. O dinheiro veio de uma emenda de R$ 1,4 milhão feita pelo deputado federal Fernando Gabeira (PV) e o terreno foi uma doação da Prefeitura do município.

Morador da região há 30 anos, vereador Dáda idealizou projeto do Centro
Apesar do avanço das obras, iniciadas em novembro de 2009, Dáda lamenta o atraso no cronograma para encerrar a construção. “Deveríamos ter concluído a obra em 240 dias, mas infelizmente a burocracia ainda é um grande obstáculo para o desenvolvimento, mesmo de projetos tão importantes como este”. No entanto, o morador destaca que nada tira o mérito do esforço que tornou possível a concretização do projeto. “A UnB foi parceira desde o início e o centro já é uma realidade que em breve vai transformar a vida dos que, de alguma forma, estão ligados ao Cerrado”.

Fonte: http://www.correioweb.com.br/euestudante//noticias.php?id=14898&tp=17

Veja também:
15/12/09 14:37
UnB terá centro de estudos na Chapada dos Veadeiros
Idealizado para ser um polo de desenvolvimento regional, o local vai desenvolver ações de pesquisa, ensino e extensão a partir de 2010

Leia a matéria completa.
http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=2266

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