quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A poesia de Menezes y Morais é tema de Poemação no Beijódromo


Sarau do Beijo

A poesia de Menezes y Morais é tema de Poemação no Beijódromo

Em 1º de outubro (terça-feira) acontece mais uma edição do Sarau do Beijo. Dessa vez o homenageado é o professor, jornalista, escritor e poeta José Menezes de Morais.

Piauiense de Altos, Menezes Y Moraes, nasceu em 29 de julho de 1951. Formado em História pela Universidade de Brasília – UnB está na capital federal desde 1980. Promotor cultural, Militante na imprensa, sindicalista, professor universitário, Menezes foi um dos líderes do Coletivo de Poetas, movimento criado em 1992, em Brasília, com o intuito de promover o encontro de amantes da poesia e música em bares da Capital. Sua estréia literária foi no ano de 1975 com o livro Laranja Partida ao Meio. Desde então publicou 11 livros, o mais recente é A íris do olho da noite (Editora Thesaurus).

O encontro com a novíssima geração de poetas de Brasília terá como representantes: Ádyla Maciel, Gabriela Ziegler, Nanda Pimenta, Nina Toledo, Maria Coeli e o poeta Francisco K. Participam dessa edição também o mambembrincante Chico Nogueira e o músico Marcio Bomfim.

Chico Nogueira é músico autodidata. Participou da criação da primeira orquestra de viola caipira do Brasil. Tocou com o Carroça de Mamulengos e criou o grupo Mambembrincantes, que tem três CDs lançados. Poeta e violeiro, Chico Nogueira participou de diversos filmes e documentários nacionais, como: No Palácio da Rainha e Quilombos Quilombolas, Maio nosso Maio, entre outros.

Francisco K nasceu no Recife, em 1961. Veio para Brasília aos 5 anos de idade. Formado em Letras e com mestrado em Comunicação pela Universidade de Brasília – UnB, participou da criação e performance dos eventos multimídias Labirinto Transparente (no grupo Heleura, 1987), Afrofuturismo (várias edições, de 1999 a 2003) e Obranome II (Museu Nacional de Brasília, 2008). Publicou os livros de poesia Aresta / Hagoromo (Thesaurus, 1990), 1001 (Noosfera, 1997), eu versus (7 Letras, 1999), Poesia Aporia (7 Letras, 2002) e Diz (Casa das Musas, 2007).

Gabriela Ziegler nasceu em 23 de setembro de 1993, filha dos poetas Paula Ziegler e Francisco K. É pianista amadora. Publicou seu primeiro livro "Por Enquanto, Por Um Canto, Por Encanto", aos 12 anos, com uma compilação de poemas feitos na infância. Seu último projeto de livro, "Caleidoscópio", está arquivado desde 2011, com design e fotografia feita por amigos. Atualmente, escreve no blog raindropwings.blogspot.com, onde dialoga com outras referências e linguagens artísticas.

Maria Coeli é mineira de Belo Horizonte. Escritora, produtora e fotógrafa reuniu na publicação “É triste, mas não é de soluçar” quase 50 anos de sua poesia num único volume. Além da literatura, Maria Coeli se dedicou durante vários anos, à produção de vídeos, nesse universo realizou vários trabalhos sobre a história oral em torno de Brasília.

Nanda Pimenta é artista cênica, utiliza o corpo como sua linguagem. É atuante no movimento contracultural Supernova.

Ádyla Macielé poetisa de Planaltina. Participou do IV CONTRA IN-VERSOS.
Nina Toledo é professora e integrante do grupo Poetas Botam Banca.

A apresentação musical será de Marcio Bonfim com seus poemas musicados.

O poeta Nicolas Behr, um dos curadores do Sarau do Beijo, conduzirá uma entrevista com o poeta, escritor, jornalista e professor Menezes Y Moraes, homenageado da noite.

O evento tem a curadoria dos poetas Marcos Freitas e Jorge Amancio e ocorre toda a primeira terça feira do mês no Memorial Darcy Ribeiro, o Beijódromo, ao lado da reitoria da UnB.

Sarau do Beijo
Serviço:
Poemação no Beijódromo
Dia 1º de outubro de 2013 – Terça feira
Das 19:00 as 21:00
Entrada Franca

R. Almirante Alexandrino, 1991 – Santa Teresa – Rio de Janeiro – RJ– 20241-263
Tel/Fax: (21) 2507-7475 / 6086 | fundar@fundar.org.br | www.fundar.org.br
Praça Maior, Campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília – UnB – 70910-900
Tel/Fax: (61) 3107-0582 / 0585 | memorial@fundar.org.br

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Lançamento do livro Florestas do meu Exílio, de João Capiberibe


10 Artigos de Marcos Airton de Sousa Freitas - Engenheiro Civil - Especialista em Recursos Hídricos



1. FREITAS, M. A. S. Alocação negociada de águas na bacia hidrográfica do Rio Gorutuba (Reservatório Bico da Pedra) - Minas Gerais. IN: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS, 15., 2003, Curitiba. Anais... Porto Alegre: ABRH, 2003.

2. FREITAS, M. A. S. Análise de risco e incerteza na gestão hidroambiental. IN: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS, 15., 2003, Curitiba. Anais... Porto Alegre: ABRH, 2003.

3. FREITAS, M. A. S. A Previsão de secas e a gestão hidroenergética: o caso da bacia do Rio Parnaíba no Nordeste do Brasil. IN: SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE REPRESAS Y OPERACIÓN DE EMBALSES, 2004, Puerto Iguazú. Anais... Buenos Aires: CACIER, 2004.

4. FREITAS, M. A. S. Regras de Operação dos Reservatórios da Bacia do Rio Paraíba do Sul / Sistema Guandu. IN: SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE REPRESAS Y OPERACIÓN DE EMBALSES, 2004, Puerto Iguazú. Anais... Buenos Aires: CACIER, 2004. v. 1. p.1 - 1.

5. FREITAS, M. A. S. Um Sistema de suporte à decisão para o monitoramento de secas meteorológicas em regiões semi-áridas. Revista Tecnologia, Fortaleza, v. 19, n. 19, p. 19- 30, 1999. Republicado em Revista Tecnologia - ISSN 0101-8191, Fortaleza. Suplemento Comemorativo de 25 anos, p. 85 - 95, 2005.

6. FREITAS, M. A. S. Usos múltiplos da água na bacia hidrográfica do Rio Guaribas (Estado do Piauí). IN: SIMPÓSIO DE RECURSOS HÍDRICOS DO NORDESTE, 6., 2002, Maceió, AL. Anais... Porto Alegre: Editora da ABRH, 2002. v. 1.

7. FREITAS, M. A. S.; SILVEIRA, P. B. M. Políticas de operação de reservatório visando minimizar os impactos sócio-econômicos em situações de escassez. IN: SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE REPRESAS Y OPERACIÓN DE EMBALSES, 2004, Puerto Iguazú. Anais... Buenos Aires: CACIER, 2004.

8. GONCALVES, R. W.; PINHEIRO, P. R.; FREITAS, M. A. S. Métodos multicritérios como auxílio à tomada de decisão na bacia hidrográfica do Rio Curu - Estado do Ceará. IN: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS, 15., 2003, Curitiba. Anais... Porto Alegre: ABRH, 2003.

9. LOPES, A. V.; FREITAS, M. A. S. Avaliação das demandas e ofertas hídricas na bacia do rio São Francisco usando modelo de rede de fluxo. IN: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS, 15., 2003, Curitiba. Anais... Porto Alegre: ABRH, 2003.

10. SILVA, L. M. C.; FREITAS, M. A. S.; SILVEIRA, P. B. M. Aplicativo para operação de reservatório em situações de escassez - fase II. IN: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS, 15., 2003, Curitiba. Anais... Porto Alegre: ABRH, 2003. v. 1.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Goiás abre debate sobre Política Nacional de Resíduos Sólidos



Ascom/GOCavalcanti, em Goiânia: União, Estados e municípios precisam atuar lado a lado 

Cavalcanti, em Goiânia: União, Estados e municípios precisam atuar lado a lado

Primeiras Reservas Particulares do Patrimônio Natural estaduais serão criadas este semestre

RAFAELA RIBEIRO

Sociedade e poder público de Goiás começaram a debater a gestão dos resíduos sólidos na manhã desta sexta-feira (13/09). Participaram da abertura da 4ª Conferência Estadual de Meio Ambiente de Goiás, o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Roberto Cavalcanti, o secretário estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Leonardo Vilela, e o presidente da Agência Municipal de Meio Ambiente, Pedro Wilson Guimarães. O encontro faz parte das etapas preparatórias para a 4ª Conferência Nacional de Meio Ambiente que acontecerá em Brasília, entre os dias 24 a 27 de outubro.

A quarta edição da conferência tem como tema a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e promove debate direto com a sociedade sobre a destinação do lixo urbano, assunto que está presente na vida de todo cidadão. Cavalcanti destacou a importância de vencer o desafio da gestão adequada dos resíduos. “Para solucionar o problema de forma eficiente, é importe um trabalho conjunto entre os entes federados, município, Estado e a União”, afirmou. Além disso, o governo federal vem desenvolvendo importante trabalho social com os catadores com programas específicos para o segmento.

BENEFÍCIO

O secretário do Meio Ambiente de Goiás, Leonardo Vilela, declarou que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) Ecológico será distribuído pela primeira vez a mais de 50 municípios que atenderam aos requisitos da Lei Complementar nº 90, que estabeleceu a partilha dos 5% do ICMS condicionada ao preenchimento de critérios específicos ambientais. “A quantidade de pessoas nesse auditório mostra o quanto o meio ambiente é importante”, disse. “Temos aqui pessoas de todo o Estado; esta discussão envolve todos os segmentos, toda a população”. Ele anunciou, ainda, que as primeiras Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) estaduais serão criadas ainda neste semestre.

Na ocasião, foram apresentados dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que fazem análise social de quem são os catadores no Brasil, com base no censo de 2010. Na região Centro-Oeste, Goiás tem o maior contingente de catadores, 15.333. Destes, 48,6% são adultos jovens (entre 30 e 49 anos) e 34,3% são mulheres. O rendimento médio dos catadores goianos é de R$ 616,61 ,acima da média nacional - R$ 522,48.

Em Goiás os 246 municípios participaram das conferências regionais (11) e municipais (64). O Estado conta com apenas 15 aterros sanitários licenciados e mais de 230 lixões espalhados por seu território. O debate está centrado em quatro eixos temáticos: produção e consumo sustentáveis; redução dos impactos ambientais; geração de trabalho, emprego e renda e educação ambiental. Ao todo mais de 1.100 propostas foram apresentadas gerando um documento com 320 sugestões. Destas, ao final da fase estadual serão encaminhadas à etapa nacional da conferência, dez propostas de cada eixo prioritário.

Seca no semiárido deve se agravar nos próximos anos | Agência FAPESP :: Especiais

Seca no semiárido deve se agravar nos próximos anos | Agência FAPESP :: Especiais



Pesquisadores alertam para necessidade de executar ações urgentes de adaptação e mitigação aos impactos das mudanças climáticas previstos na região (foto: Fred Jordão/Acervo ASACom

Especiais

Seca no semiárido deve se agravar nos próximos anos

12/09/2013
Por Elton Alisson

Agência FAPESP – Os problemas de seca prolongada registrados atualmente no semiárido brasileiro devem se agravar ainda mais nos próximos anos por causa das mudanças climáticas globais. Por isso, é preciso executar ações urgentes de adaptação e mitigação desses impactos e repensar os tipos de atividades econômicas que podem ser desenvolvidas na região.
A avaliação foi feita por pesquisadores que participaram das discussões sobre desenvolvimento regional e desastres naturais realizadas no dia 10 de setembro durante a 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais (Conclima).
Organizado pela FAPESP e promovido em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa e Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC), o evento ocorre até a próxima sexta-feira (13/09), no Espaço Apas, em São Paulo.
De acordo com dados do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), só nos últimos dois anos foram registrados 1.466 alertas de municípios no semiárido que entraram em estado de emergência ou de calamidade pública em razão de seca e estiagem – os desastres naturais mais recorrentes no Brasil, segundo o órgão.
O Primeiro Relatório de Avaliação Nacional do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) – cujo sumário executivo foi divulgado no dia de abertura da Conclima – estima que esses eventos extremos aumentem principalmente nos biomas Amazônia, Cerrado e Caatinga e que as mudanças devem se acentuar a partir da metade e até o fim do século 21. Dessa forma, o semiárido sofrerá ainda mais no futuro com o problema da escassez de água que enfrenta hoje, alertaram os pesquisadores.
“Se hoje já vemos que a situação é grave, os modelos de cenários futuros das mudanças climáticas no Brasil indicam que o problema será ainda pior. Por isso, todas as ações de adaptação e mitigação pensadas para ser desenvolvidas ao longo dos próximos anos, na verdade, têm de ser realizadas agora”, disse Marcos Airton de Sousa Freitas, especialista em recursos hídricos e técnico da Agência Nacional de Águas (ANA).
Segundo o pesquisador, o semiárido – que abrange Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Piauí e o norte de Minas Gerais – vive hoje o segundo ano do período de seca, iniciado em 2011, que pode se prolongar por um tempo indefinido.
Um estudo realizado pelo órgão, com base em dados de vazão de bacias hidrológicas da região, apontou que a duração média dos períodos de seca no semiárido é de 4,5 anos. Estados como o Ceará, no entanto, já enfrentaram secas com duração de quase nove anos, seguidos por longos períodos nos quais choveu abaixo da média estimada.
De acordo com Freitas, a capacidade média dos principais reservatórios da região – com volume acima de 10 milhões de metros cúbicos de água e capacidade de abastecer os principais municípios por até três anos – está atualmente na faixa de 40%. E a tendência até o fim deste ano é de esvaziarem cada vez mais.
“Caso não haja um aporte considerável de água nesses grandes reservatórios em 2013, poderemos ter uma transição do problema de seca que se observa hoje no semiárido, mais rural, para uma seca ‘urbana’ – que atingiria a população de cidades abastecidas por meio de adutoras desses sistemas de reservatórios”, alertou Freitas.

Ações de adaptação

Uma das ações de adaptação que começou a ser implementada no semiárido nos últimos anos e que, de acordo com os pesquisadores, contribuiu para diminuir sensivelmente a vulnerabilidade do acesso à água, principalmente da população rural difusa, foi o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC).
Lançado em 2003 pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) – rede formada por mais de mil organizações não governamentais (ONGs) que atuam na gestão e no desenvolvimento de políticas de convivência com a região semiárida –, o programa visa implementar um sistema nas comunidades rurais da região por meio do qual a água das chuvas é capturada por calhas, instaladas nos telhados das casas, e armazenada em cisternas cobertas e semienterradas. As cisternas são construídas com placas de cimento pré-moldadas, feitas pela própria comunidade, e têm capacidade de armazenar até 16 mil litros de água.
O programa tem contribuído para o aproveitamento da água da chuva em locais onde chove até 600 milímetros por ano – comparável ao volume das chuvas na Europa – que evaporam e são perdidos rapidamente sem um mecanismo que os represe, avaliaram os pesquisadores.
“Mesmo com a seca extrema na região nos últimos dois anos, observamos que a água para o consumo da população rural difusa tem sido garantida pelo programa, que já implantou cerca de 500 mil cisternas e é uma ação política de adaptação a eventos climáticos extremos. Com programas sociais, como o Bolsa Família, o programa Um Milhão de Cisternas tem contribuído para atenuar os impactos negativos causados pelas secas prolongadas na região”, afirmou Saulo Rodrigues Filho, professor da Universidade de Brasília (UnB).
Como a água tende a ser um recurso natural cada vez mais raro no semiárido nos próximos anos, Rodrigues defendeu a necessidade de repensar os tipos de atividades econômicas mais indicadas para a região.
“Talvez a agricultura não seja a atividade mais sustentável para o semiárido e há evidências de que é preciso diversificar as atividades produtivas na região, não dependendo apenas da agricultura familiar, que já enfrenta problemas de perda de mão de obra, uma vez que o aumento dos níveis de educação leva os jovens da região a se deslocar do campo para a cidade”, disse Rodrigues.
“Por meio de políticas de geração de energia mais sustentáveis, como a solar e a eólica, e de fomento a atividades como o artesanato e o turismo, é possível contribuir para aumentar a resiliência dessas populações a secas e estiagens agudas”, afirmou.
Outras medidas necessárias, apontada por Freitas, são de realocação de água entre os setores econômicos que utilizam o recurso e seleção de culturas agrícolas mais resistentes à escassez de água enfrentada na região.
“Há culturas no semiárido, como capim para alimentação de gado, que dependem de irrigação por aspersão. Não faz sentido ter esse tipo de cultura que demanda muito água em uma região que sofrerá muito os impactos das mudanças climáticas”, afirmou Freitas.

Transposição do Rio São Francisco

O pesquisador também defendeu que o projeto de transposição do Rio São Francisco tornou-se muito mais necessário agora – tendo em vista que a escassez de água deverá ser um problema cada vez maior no semiárido nas próximas décadas – e é fundamental para complementar as ações desenvolvidas na região para atenuar o risco de desabastecimento de água.
Alvo de críticas e previsto para ser concluído em 2015, o projeto prevê que as águas do Rio São Francisco cheguem às bacias do Rio Jaguaribe, que abastece o Ceará, e do Rio Piranhas-Açu, que abastece o Rio Grande do Norte e a Paraíba.
De acordo com um estudo realizado pela ANA, com financiamento do Banco Mundial e participação de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará, entre outras instituições, a disponibilidade hídrica dessas duas bacias deve diminuir sensivelmente nos próximos anos, contribuindo para agravar ainda mais a deficiência hídrica do semiárido.
“A transposição do Rio Francisco tornou-se muito mais necessária e deveria ser acelerada porque contribuiria para minimizar o problema do déficit de água no semiárido agora, que deve piorar com a previsão de diminuição da disponibilidade hídrica nas bacias do Rio Jaguaribe e do Rio Piranhas-Açu”, disse Freitas à Agência FAPESP.

O Primeiro Relatório de Avaliação Nacional do PBMC, no entanto, indica que a vazão do Rio São Francisco deve diminuir em até 30% até o fim do século, o que colocaria o projeto de transposição sob ameaça.
Freitas, contudo, ponderou que 70% do volume de água do Rio São Francisco vem de bacias da região Sudeste, para as quais os modelos climáticos preveem aumento da vazão nas próximas décadas. Além disso, de acordo com ele, o volume total previsto para ser transposto para as bacias do Rio Jaguaribe e do Rio Piranhas-Açu corresponde a apenas 2% da vazão média da bacia do Rio São Francisco.
“É uma situação completamente diferente do caso do Sistema Cantareira, por exemplo, no qual praticamente 90% da água dos rios Piracicaba, Jundiaí e Capivari são transpostas para abastecer a região metropolitana de São Paulo”, comparou.
“Pode-se argumentar sobre a questão de custos da transposição do Rio São Francisco. Mas, em termos de necessidade de uso da água, o projeto reforçará a operação dos sistemas de reservatórios existentes no semiárido”, afirmou.
De acordo com o pesquisador, a água é distribuída de forma desigual no território brasileiro. Enquanto 48% do total do volume de chuvas que cai na Amazônia é escoado pela Bacia Amazônica, segundo Freitas, no semiárido apenas em média 7% do volume de água precipitada na região durante três a quatro meses chegam às bacias do Rio Jaguaribe e do Rio Piranhas-Açu. Além disso, grande parte desse volume de água é perdido pela evaporação. “Por isso, temos necessidade de armazenar essa água restante para os meses nos quais não haverá disponibilidade”, explicou.

As apresentações feitas pelos pesquisadores na conferência, que termina no dia 13, estarão disponíveis em: www.fapesp.br/conclima

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O nosso 11 de setembro


Mauro Oliveira Pires

Esta é a 11ª vez que se comemora o Dia do Cerrado, instituído em 2003 por meio de decreto presidencial, atendendo a proposta do Ministério do Meio Ambiente encampada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). A data, 11 de setembro, foi uma homenagem ao ambientalista e artista Ary Pára-Raios, fundador do grupo artístico Esquadrão da Vida, que vem encantando nosso cenário cultural há mais de três décadas, graças ao trabalho de seus filhos, imbuídos de continuar a obra do pai, após a morte dele em 2003.

Em vida, Ary, que fez carreira no Distrito Federal, tornou-se militante apaixonado pelo bioma que o acolheu. Na Eco-92, articulou, com outros ambientalistas, um Tratado Internacional do Cerrado, a fim de chamar a atenção do mundo para esse importante conjunto de seres vivos, esquecido pela Constituição Federal de 1988.

Enquanto nos Estados Unidos o 11 de setembro remonta a uma tragédia assombrosa, no Brasil, a data é para refletir e celebrar a vida de um bioma único, rico em espécies e em diversos mosaicos vegetacionais, singular em sua geografia e, porque não, na diversidade humana que vem abrigando há milênios, como dizem os paleontólogos e arqueólogos.

Claro que há motivos para entristecimento; afinal, quase metade da área original foi destruída em menos de 40 anos e, na parte restante, poucos são os fragmentos remanescentes de maior porte. Mas tão importante quanto denunciar os crimes ambientais cometidos contra ele, é valorizá-lo.

E não poderia haver momento mais propício. Em pleno mês em que a secura é elevada, em que as queimadas e incêndios alastram-se espantosamente, o cerrado surpreende, por meio dos ipês-amarelos, floridos por poucos dias, parecendo dizer algo profundo e nos convidar para uma celebração.

Aproveitemos a ocasião para isto: reflexão e celebração. Que reflitamos sobre a ocupação desenfreada, movida pelo agronegócio de extensas monoculturas, destruindo ecossistemas, aniquilando nascentes, erodindo os solos, contaminando-os com agrotóxicos.

Que reflitamos se é realmente esse o modelo a ser exportado para as savanas africanas, enquanto aqui na sua porção norte, denominada Matopi (entroncamento entre os estados do Maranhão, Tocantins e Piauí), avança o desmatamento. Será que repetirão naquele continente os erros socioambientais praticados aqui? Esperemos que não. Esperemos que o Brasil não seja o imperialista de outrora, o novo colonizador que emula práticas de seus antigos conquistadores.

Que celebremos a diversidade da vida, que lembremos quão importante é o cerrado para o dinâmico equilíbrio ecossistêmico, para a formação das bacias hidrográficas e os estoques de carbono, graças à sua elevada biomassa. Que aproveitemos para cobrar do Congresso Nacional a tão esperada aprovação da emenda constitucional que eleva esse bioma, a caatinga e os pampas à condição de patrimônio nacional. Afinal, já são 18 anos de lenta tramitação.

Que aproveitemos para lembrar que, a cada dia, todos podem fazer alguma coisa pelo cerrado — seja diminuindo o lixo doméstico, seja na hora de eleger os representantes políticos, escolhendo aqueles realmente comprometidos com a conservação e o uso sustentável, pois 2014 está próximo.

Brasília conta com diversos lugares para essa celebração: seus parques, sua água mineral e arredores estão aí para serem visitados e para se descobrir as cores, os frutos, as flores e toda a fauna desse bioma riquíssimo. Que os próximos 11 de setembro sirvam para ampliar a consciência e a ação em favor do cerrado. Essa era e continua sendo a ideia para a instituição do seu dia.

Fonte: Correio Braziliense

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Estado brasileiro processa militante e criminaliza rádios comunitárias


Intervozes
Estado brasileiro processa militante e criminaliza rádios comunitárias
Jerry de Oliveira, do Movimento Nacional de Rádios Comunitárias, é acusado de resistência, ameaça, calúnia e injúria contra agentes da Anatel. Processo é tentativa de calar a voz do movimento social
por Intervozes — publicado 04/09/2013 16:28, última modificação 05/09/2013 12:57
Jerry de Oliveira

Por Bruno Marinoni*

- Gostaria de expressar minha alegria por estar aqui discutindo um tema tão relevante como o das rádios comunitárias. Eu mesmo já tive uma – disse o deputado.

- O senhor teve uma? – perguntou Jerry de Oliveira.
- Sim.
- Então, não era comunitária!
(riso geral)

Este diálogo foi presenciado por mim e tantos outros durante uma audiência pública para discutir a digitalização do rádio, realizada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Expressa um pouco da coragem, responsabilidade, clareza e irreverência de Jerry de Oliveira, militante paulista do Movimento Nacional de Rádios Comunitárias (MNRC), que hoje, assim como diversos lutadores sociais que se organizam para resistir ou enfrentar a reprodução das desigualdades, é alvo de um processo criminal.
Jerry é acusado de resistência, ameaça, calúnia e injúria contra agentes da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) ao interceder a favor das rádios comunitárias em uma ação de fiscalização da agência. Após receber aviso de que haveria um processo de “fechamento” de uma emissora, Jerry flagrou agentes da Anatel e policiais militares na casa de uma das coordenadoras da emissora sem mandado judicial ou autorização dos residentes para entrar. A moradora estava de camisola, havia sido acordada e surpreendida pela Anatel. Diretor da sessão paulista da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço), Jerry teria bloqueado a saída dos agentes da fiscalização e da polícia, informando que não poderiam levar o equipamento da rádio sem os documentos legais necessários e sem o devido lacre que os protegeria de adulteração e danos.
No mesmo dia, os agentes da Anatel cumpriram mandado de busca e apreensão em outra rádio comunitária. Ali, o procedimento se deu dentro da "regularidade" e eles foram recebidos por um dos diretores da emissora, acompanhado do advogado. A equipe da rádio acredita, no entanto, que a tensão inerente a esses processos induziu a um aborto da esposa do dirigente da emissora, grávida à época. Jerry procurou então o responsável pelas operações da Anatel na região e a recepção, feita por outros funcionários da agência, foi em clima de troca de provocações. Em decorrência desses dois episódios, Jerry foi acusado pelo Ministério Público. O promotor que trabalha no caso, Fernando Filgueiras, pede a condenação e pena máxima para o militante, o que poderia resultar em 5 anos e 2 meses de regime fechado.
A Artigo 19, organização internacional de defesa da liberdade de expressão, se manifestou no processo, afirmando que as acusações “tratam-se de medidas desproporcionais e antidemocráticas, que dão ensejo à autocensura”.
A atuação do Estado brasileiro contra as emissoras comunitárias vem sendo denunciada há um longo tempo pelo movimento que luta pela democratização da mídia no país. Aqui, a prática da radiodifusão comunitária sem autorização do Ministério das Comunicações é considerada crime, passível de privação de liberdade. A Convenção Americana de Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário, afirma no entanto que a responsabilização por esta prática deveria ser feita, no máximo, no âmbito civil ou administrativo.
Em março deste ano, a Artigo 19 e a Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc) denunciaram o problema à Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), considerando-o uma violação da liberdade de expressão e do direito humano à comunicação no Brasil. Casos de invasão de emissoras (ou mesmo casas) e de apreensão de equipamentos por agentes da Anatel, acompanhados de policiais, sem ordem judicial, são denunciados de forma constante. Cerca de 11 mil rádios comunitárias foram fechadas nos últimos oito anos no Brasil.
A realidade é que a política definida pelos governos e legisladores brasileiros para a radiodifusão comunitária tem sido marcada pela repressão. Em vez de fomentar o desenvolvimento do setor, garantindo a liberdade de expressão e a efetivação do direito à comunicação dessas comunidades, o Estado brasileiro opta por sufocar essas vozes. A própria legislação e os entraves burocráticos empurram para a ilegalidade os comunicadores populares, depois rotulados de "foras-da-lei" pelas rádios comerciais, que combatem ferozmente a “concorrência” daqueles que querem fazer da comunicação mais do que um mercado a ser explorado.
O processo contra Jerry de Oliveira não resultará no fim da luta e mobilização das rádios comunitárias no Brasil, unidas para defender seu companheiro. Mas sem dúvida é uma tentativa de calar um dos setores mais combativos das organizações populares de nosso país. Sua possível condenação não será apenas mais uma prova de que as comunicações no Brasil continuam sob controle do poder político e econômico das grandes emissoras. Mas também a comprovação que o Estado brasileiro, através dos seus mais diferentes braços, viola o direito à liberdade de expressão de seus cidadãos e cidadãs.

*Bruno Marinoni é repórter do Observatório do Direito à Comunicação e doutor em sociologia pela UFPE.

Malaika no Nosso Mar, com Ligia Sanroman, Hugo Coelho e Jorge Macarrão


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Poemação no Beijódromo - Sarau do Beijo - Homenagem a Ivan da Presença


Poemação no Beijódromo
 Sarau do Beijo
Homenagem a Ivan da Presença

A Fundação Memorial Darcy Ribeiro no campus da Universidade de Brasília, conhecido como Beijódromo, abre as portas do memorial para a poesia do Distrito Federal. O Sarau do Beijo pretende dar ênfase à poesia brasiliense, divulgando seus poetas e sua poesia, na multiplicidade de sua expressão.
No dia 3 de setembro de 2013, terça-feira, acontecerá na FUNDAR, o Beijódromo, o Sarau do Beijo, que tem a curadoria do Poemação e homenageia neste mês de setembro pelo seu trabalho em prol cultura do DF e apoio dado a escritores e poetas da idade, o empresário cultural Ivan da Presença. 
A poeta Cristina Bastos com os poetas Alexandre Marino, Jenário de Paula e Paulo Roberto Miranda darão o tom poético na homenagem. A atriz Raquel Ely mostra o seu talento na interpretação de poetas consagrados como Manuel Bandeira, Quintana, Drummond dentre outros, Marina Andrade canta s versos de Augusto dos Anjos. A música terá a participação especial de Joaquim Barroncas com o seu saxofone e o som acústico do coletivo Dialeto Sound Crew.
Alexandre MarinoJosé Alexandre Marino Gomes nasceu em Passos, MG. Jornalista,  publicitário e escritor veio para Brasília em 1982. Premiado em vários concursos literário. Atualmente é funcionário do Ministério da Educação (MEC). Foi repórter de alguns importantes jornais brasileiros. Poeta publicou até o momento, cinco livros. Tem textos em diversas antologias e editou revistas culturais.
Cristina Bastos – Maria Cristina Bastos Junqueira nasceu em Uberlândia veio para Brasília em 1972. Formada em Educação Artística. Sua atividade não se limita à poesia — é artista plástica e fotógrafa, e se orgulha de ter pertencido ao grupo “Ladrões de Alma”, que promoveu várias exposições em Brasília. Escreve desde 1972 e tem poemas publicados nas Antologias Poéticas Hélio Pinto Ferreira, volumes X, XI e XII, e em Intimidades Transvistas (Editora Escrituras), 1997, coletânea de poemas inspirados na obra do artista plástico Valdir Rocha. Tem dois livros publicados.
Jenário de Paula - Jenário de Fátima Rodrigues é hoje considerado por muitos um dos melhores sonetistas da atualidade. Autodidata, começou a escrever sonetos em meados de 2004, seus poemas são encontrados circulando pela Net, em sites, blogs, comunidades, orkut... Muitos dos seus sonetos foram transformados em vídeos e podem ser visualizados nos sites afins. Participou de antologias e prefaciou inúmeros livros. 
Paulo Roberto Miranda - Varadero é o pseudônimo do poeta Paulo Roberto Cardoso de Miranda veio para Brasília em 1959, antes da inauguração. É um dos organizadores e compositores do Pacotão, pretende escrever muita poesia, esculhambar muitos governos com o bloco, porque acredita na revolução pela força das palavras, das ideias,  dos exemplos e das pessoas generosa.
Dialeto Sound Crew ou DIALETO MC's em processo de gravação do seu primeiro CD,  é um coletivo com influencias Reggae, Rap, Soul, R&B e música brasileira, que reflete a diversidade e a miscigenação presente no Brasil. Original do DF, é a sintetização de ritmos, culturas, e ideias de revolução tanto espiritual quanto social. O grupo é formado por um DJ e quatro vozes: DJ Janna e os vocalistas Dudulino, Heitor Valente, Jocilaine Oliveira e Apoena Ferreira, que apresentam letras de autoria própria utilizando a dinâmica do "Sound System". 
O poeta Nicolas Behr entrevista o empresário cultural Ivan da Presença o homenageado da noite. Marina Andrade com uma leitura musical de Augusto dos Anjos, a atriz Raquel Ely interpreta poetas da literatura brasileira e o luxuoso sax de Joaquim Barroncas completa a homenagem.   
O evento tem a curadoria dos poetas Marcos Freitas e Jorge Amancio e ocorre toda a primeira terça-feira do mês no Memorial Darcy Ribeiro, o Beijódromo, ao lado da reitoria da UnB.
Poemação no Beijódromo
Sarau do Beijo
Dia 3 de setembro de 2013 – Terça-feira
Das 19:00 as 21:00
Entrada Franca