terça-feira, 25 de março de 2014

Dá para beber essa água?

Ambiente
21/3/2014 - 12h23

por Anne Vigna, para a Agência Pública
Agrotóxicos, metais pesados e substâncias que imitam hormônios podem estar na água que chega à torneira da sua casa ou na mineral, vendida em garrafões, restaurantes e supermercados. Saiba por que nenhuma das duas é totalmente segura

Pesquisar sobre a água não é fácil. Não existem leis ou regras que definam um critério uniforme para a divulgação de dados. Esperei mais de 15 dias, por exemplo, para receber as análises de qualidade para o município de São Paulo, segundo as normas da Portaria 2.914/2011, do Ministério da Saúde. Os mesmos resultados para o Rio de Janeiro estão disponíveis para consulta de qualquer pessoa no site da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), responsável pelo tratamento de água na cidade. Não se sabe por que uma das concessionárias fornece a informação publicamente, enquanto a outra não diz nada sobre o assunto.

Depois de muita espera e de uma dezena de e-mails trocados, recebi quase todas as análises da capital paulista feitas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), encarregada da água e do saneamento na metrópole. No primeiro envio, porém, faltavam vários dos parâmetros considerados pela portaria do Ministério da Saúde. Por quê? Não há como saber. Depois de insistir mais, recebi todos os dados (aqui, aqui, aqui e aqui).

Como primeiro resultado dessa investigação sobre a qualidade da água, posso dizer que, em São Paulo e no Rio de Janeiro, dá para beber a água da torneira sem correr o risco de ser vítima de uma contaminação microbiológica. Ninguém vai passar mal, nem ter diarreia. É preciso, no entanto, verificar se a caixa d’água do imóvel está limpa. Tanto em um prédio como em uma casa, ela precisa ser lavada a cada seis meses. Nos condomínios, o síndico é o responsável por cuidar da execução do serviço. Nas residências, o proprietário tem que fazer o trabalho ou contratar uma empresa para isso. Se a limpeza estiver em dia, tudo bem.
A água usada para abastecimento público passa por um processo de tratamento e desinfecção mecânico e químico, que elimina toda a poluição microbiológica (coliformes totais – grupos de bactérias associadas à decomposição da matéria orgânica – e Escherichia coli). “A água da torneira é controlada várias vezes por dia, para se ter certeza de que está sempre dentro dos padrões de qualidade”, afirma Jorge Briard, diretor de produção de água da Cedae, no Rio. Mas o fato de se poder beber a água da torneira não quer dizer que o líquido não esteja poluído – e que não possa causar problemas de saúde no longo prazo.
Regras “adaptadas à realidade brasileira”
Na água do abastecimento público existem vários tipos de poluentes tóxicos. Estudos científicos associam o consumo de muitos deles ao aumento da incidência de câncer na população, enquanto outros têm efeitos ainda pouco conhecidos na saúde. Estão presentes na água que bebemos substâncias químicas como antimônio, arsênio, bário, cádmio, chumbo, cianeto, mercúrio, nitratos, triclorobenzeno, diclorometano; agrotóxicos como atrazina, DDT, trifluralina, endrin e simazina; e desinfetantes como cloro, alumínio ou amônia.
A portaria do Ministério da Saúde controla os níveis de 15 produtos químicos inorgânicos (metais pesados), de 15 produtos químicos orgânicos (solventes), de sete produtos químicos que provêm da desinfecção domiciliar e de 27 tipos de agrotóxicos presentes na água. Na primeira norma de potabilidade da água do Brasil, a Portaria 56/1977, havia apenas 12 tipos de agrotóxicos, 10 produtos químicos inorgânicos (metais pesados) e nenhum produto químico orgânico (solventes), nem produtos químicos secundários da desinfecção domiciliar.
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Tanques usados nas quatro fases do processo de tratamento de água da Estação do Guaraú, em São Paulo: coagulação, floculação, decantação e filtração. Foto: Anne Vigna


A mudança reflete a crescente poluição da indústria, que utiliza metais pesados e solventes; do setor agrícola, que usa agrotóxicos e fertilizantes; e de todos nós, que limpamos a casa com cada vez mais produtos químicos. A assessoria de comunicação do Ministério da Saúde afirma que as substâncias que hoje estão na Portaria 2.914/2011 foram escolhidas a partir “dos avanços do conhecimento técnico-científico, das experiências internacionais e das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2004), adaptadas à realidade brasileira”.
O último trecho da resposta do ministério, “adaptadas à realidade brasileira”, permite entender a diferença entre os agrotóxicos e contaminantes inorgânicos escolhidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e os listados na portaria brasileira. A OMS inclui um número muito maior de produtos químicos . Em um dossiê especial sobre agrotóxicos publicado em 2012, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) questiona essa discrepância: “Por que monitorar menos de 10% dos ingredientes ativos oficialmente registrados no país?” O ingrediente ativo, ou princípio ativo, é uma substância que tem algum tipo de efeito em organismos vivos.
Um exemplo é a bentazona. Considerada pela OMS como um poluente da água, a substância não aparece na portaria do Ministério da Saúde. Na bula de agrotóxicos que a contêm, como o Basagran, a bentazona é descrita como “um agroquímico da classe toxicológica I – extremamente tóxico e nocivo por ingestão”. Como herbicida, é muito usada nas culturas de soja, arroz, feijão, milho e trigo. E o que isso tem a ver com a água? Os próprios fabricantes dão a entender que, se for mal utilizada, a bentazona pode causar efeitos danosos sobre o ambiente aquático. “[O produto] é perigoso para o meio ambiente por ser altamente móvel, apresentando alto potencial de deslocamento no solo e podendo atingir principalmente as águas subterrâneas. Possui ainda a característica de ser altamente persistente no meio ambiente, ou seja, de difícil degradação”, diz o texto.
Outro exemplo: um estudo de 2009 sobre a contaminação de mananciais hídricos, liderado pelo pesquisador Diecson Ruy Orsolin da Silva, da Universidade Federal de Pelotas, monitorou a ocorrência de agrotóxicos em águas superficiais de sete regiões do sul do Brasil, associadas ao cultivo de arroz na safra 2007/2008. De todos os produtos detectados – clomazona, quincloraque, penoxsulam, imazetapir, imazapique, carbofurano, 3-hidróxido-carbofurano, fipronil e tebuconazol – somente o carbofurano é controlado pela portaria. Isso mostra que muitos dos agrotóxicos utilizados, e que estão presentes nos meios aquáticos no país, não são fiscalizados pelas empresas de tratamento de água. Elas não são obrigadas pelo Ministério da Saúde a fazer o controle.
Em São Paulo e no Rio, os níveis dos produtos químicos listados na portaria estão dentro dos limites permitidos. Na verdade, os valores de São Paulo são muitos melhores do que os do Rio. Isso é uma boa notícia? Sim e não. “Os processos de transformação química quebram as moléculas tóxicas, fazendo com que desapareçam. Essa manipulação da água cria outros compostos ou resíduos desconhecidos. Ninguém procura por eles e evidentemente não estão na portaria. Hoje ninguém sabe quais são os efeitos dessas moléculas”, diz Fabrice Nicolino, jornalista francês especializado em meio ambiente. Mesmo concentrações muito baixas de algumas substâncias podem ser perigosas.

A polêmica do alumínio
Como se tiram os poluentes da água? Tudo começa com um processo chamado coagulação. Nessa fase, são adicionados sulfato de alumínio e cloreto férrico, para agregar as partículas de sujeira presentes. O uso do sulfato de alumínio é muito polêmico no mundo todo. Ainda que não tenha sido provada uma relação direta entre esse produto químico e a doença de Alzheimer, vários cientistas europeus defendem que ele é responsável pelo aumento da incidência do problema nas últimas duas décadas.
Um estudo feito durante oito anos pelo Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm), em Bordeaux, no sul da França, concluiu que uma forte concentração de alumínio na água, bebida a vida toda, pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de Alzheimer. Realizada por um dos centros de maior prestígio da França, a pesquisa causou – e continua a causar – muito barulho, tanto na imprensa quanto no mundo científico.
Também teve forte impacto um artigo científico dos pesquisadores Chris Exley, da Universidade Keele, e Margaret Esiri, da Universidade de Oxford – ambas no Reino Unido – publicado no Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry em 2006. Quando foi realizada a autópsia de Carole Cross, que morreu, aos 59 anos, de Alzheimer, observaram-se altas concentrações de alumínio no seu cérebro. Os autores relacionaram o achado a um acidente que atingiu a cidade de Camelford, na Inglaterra, onde Carole vivia em 1988. Na época, 20 toneladas de sulfato de alumínio foram depositadas por engano nas tubulações de água potável. Os pesquisadores não relacionam diretamente a presença do metal com a doença. Sabe-se, contudo, que o alumínio está ligado a alguns tipos de demência, e que Carole não tinha antecedentes familiares com doenças semelhantes.

Princípio da precaução
Faz um bom tempo que as empresas responsáveis pelo tratamento da água conhecem os perigos do alumínio. Em Paris, a substância deixou de ser usada nesse processo há mais de 20 anos. Adota-se o cloreto férrico. A prefeitura da capital francesa resolveu fazer a mudança pelo que é conhecido como princípio da precaução: se existem antecedentes ou experiências que sugiram um risco, não se espera que a ciência comprove isso. É melhor prevenir do que lidar com o problema depois.
Quando perguntei à Sabesp e à Cedae se achavam possível parar de usar o alumínio, a resposta foi clara. “Mas por quê? O produto funciona muito bem”, disse André Luis Gois Rodrigues, responsável pela qualidade da água na Sabesp. As duas empresas admitiram conhecer a polêmica. “Nada foi comprovado. O uso do alumínio é permitido pelo Ministério da Saúde e também pela OMS. Se um dia for demonstrado que há risco, com certeza deixaremos de usar”, explicou Jorge Briard, da Cedae. Além de ser barato, o sulfato de alumínio permite obter uma cor transparente, um pouquinho azul, bem bonitinha, semelhante à de um rio limpo. Por isso, é bem prático. Ninguém vai se queixar da cor da água.
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Adicionam-se sulfato de alumínio, cloreto férrico ou outro coagulante à água. Nessa fase, a coagulação, as partículas de sujeira agregam-se. Foto: Anne Vigna


Vale lembrar que a água não é a única fonte de absorção do alumínio no corpo. Atualmente a substância encontra-se em altas concentrações na comida (nos legumes e especialmente nos aditivos alimentares, como conservantes, corantes e estabilizadores), nos cosméticos ou nos utensílios de cozinha. De acordo com a OMS, um adulto ingere cerca de 5 miligramas de alumínio por dia apenas da comida. Para a organização, os aditivos são a principal fonte de alumínio no corpo. Em comparação, a água traz um volume muito menor: em média 0,1 miligrama por litro, o que pode somar 0,3 miligrama se você bebe 3 litros por dia. Segundo a entidade, o alumínio na água representa só 4% do que um adulto absorve.
Essa relação também é válida para os agrotóxicos. É bem provável que, comendo legumes não-orgânicos, uma pessoa absorva uma quantidade muito maior desses produtos do que ao beber água. Fazer essa comparação é muito complicado, porque o jeito de contabilizar os agrotóxicos é diferente na comida e na água. Sabemos, porém, que os agrotóxicos são diretamente aplicados nas plantações, e as medições mostram que estão em proporção maior nos alimentos do que na água.
Por conta da grande utilização de medicamentos na criação de animais hoje, os cientistas reconhecem que a dose diária de absorção de antibióticos e hormônios de crescimento é mais importante pela comida do que pela água. O professor Wilson Jardim, da Unicamp, explica, no entanto, que isso não muda o fato de que, mesmo em doses pequenas, os contaminantes presentes na água possam ter um efeito negativo na saúde.

A saída é a garrafinha?
Seria então melhor para a saúde beber água engarrafada, que chega a custar 800 vezes mais do que a água da torneira? A resposta, de novo, não é simples. Em tese, a água envasada tem melhor qualidade por ser subterrânea, o que oferece uma proteção natural contra contaminação. Mas encontrar informações sobre a qualidade da água mineral também é muito complicado no Brasil. A Associação Brasileira de Indústria de Água Mineral (Abinam), que representa as envasadoras da água, negou os pedidos de entrevista para esta reportagem. A comunicação também não é muito aberta do lado das autoridades.
Na verdade, não há como ter acesso à documentação sobre a qualidade da água engarrafada. Para obter a lavraria e a renovação da concessão, uma empresa de água mineral recebe, a cada três anos, a visita dos funcionários do Laboratório de Análises Minerais (Lamin) da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), um órgão federal. Os resultados das análises são comunicados à empresa e ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), responsável pela água mineral no país, mas não ficam disponíveis para o público. Por quê? Não recebi resposta do DNPM.
Essas análises teriam que ser feitas seguindo a resolução RDC 274/2005, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A norma inclui agrotóxicos e é bem parecida com a portaria que regula a água da torneira. Além de os dados não estarem disponíveis publicamente, outro problema é a forma de fiscalização das fontes. O Lamin do Rio faz análises no país todo, enquanto o de São Paulo concentra-se no estado de São Paulo, onde fica a maior concentração de concessões de água mineral do país. Até o início de 2013, o Lamin do Rio não tinha os equipamentos necessários para fazer as análises dos agrotóxicos, e só no fim de 2014 o Lamin de São Paulo deverá fazer esse trabalho. Ou seja, a resolução levou oito anos para começar a ter todos os seus itens verificados.
Isso não acontece com a água da torneira, que é muito mais controlada. Primeiro, porque ela precisa chegar a toda a população. Segundo, porque a água bruta, a partir da qual se produz a água potável, vem em geral da superfície e está mais sujeita a todo tipo de contaminação. Isso requer atenção constante e análises mais frequentes. A água mineral vem de lençóis subterrâneos, onde fica confinada. É menos poluída do que a que vem dos rios e não recebe nenhum tratamento químico. Depois de um ano fazendo as análises de agrotóxicos, o Lamin do Rio disse que não encontrou esses produtos nas águas minerais de todo o país, com exceção de São Paulo (onde ainda não fazem essa análise e onde está a maior parte das fontes). Mas não tive acesso aos documentos que comprovariam isso.
Ao procurar informações adicionais, descobri que, em São Paulo, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) iniciou, em 2011, o monitoramento de lençóis subterrâneos do estado em relação à presença de contaminantes e à atividade estrogênica – ou seja, à capacidade de algumas substâncias agirem no sistema reprodutivo humano, antecipando, por exemplo, a puberdade nas meninas ou produzindo esterilidade nos homens. “Não foi detectada atividade estrogênica na maioria dos 33 pontos de amostragem, selecionados em função de sua maior vulnerabilidade. Apenas três locais apresentaram atividade estrogênica baixa. Isso significa que não há potencial de preocupação para a saúde humana se a água for consumida”, explica Gilson Alves Quinaglia, gerente do setor de análises toxicológicas da Cetesb.

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Tanques com cloro e outros produtos químicos usados para tornar a água potável. Foto: Anne Vigna


Agrotóxicos e medicamentos
As empresas de água mineral usam na publicidade o argumento de que a água subterrânea está confinada e, consequentemente, fica protegida da poluição moderna. Seria bom se fosse assim, mas existem estudos que comprovam que a poluição pode chegar a todos os lugares – até mesmo ao subsolo.
No ano passado, uma pesquisa encomendada a laboratórios independentes pelas ONGs 60 Milhões de Consumidores e Fundação Danielle Mitterrand-France Libertés, na França, encontrou tanto agrotóxicos como medicamentos na água engarrafada. “Foi uma surpresa, porque mostra que até a água mineral está poluída. Achamos um agrotóxico, a atrazina, usado no cultivo do milho, que está proibido no país há mais de dez anos. Essa substância tem a propriedade de ser muito persistente no meio ambiente. O que significa que, em dez anos, chega ao subsolo”, explica Thomas Laurenceau, da 60 Milhões de Consumidores.
Outra grande surpresa foi detectar o tamoxifeno, um hormônio usado no tratamento de câncer de mama, nas amostras analisadas. “Os níveis encontrados são muito baixos, mas a presença mostra até que ponto nosso meio ambiente está poluído”, acrescenta Emmanuel Poilane, presidente da France Libertés.
A contaminação não é causada pelas envasadoras de água, e sim pela deterioração geral do meio ambiente. “As empresas de água mineral sempre estão tentando proteger as fontes. Não depredam o meio ambiente. Não é conveniente para elas”, afirma Doralice Assirati, do DNPM. Na Europa e nos Estados Unidos, algumas delas foram obrigadas a fechar explorações, por conta da poluição detectada.
Uma das contaminações possíveis no Brasil seria pelas fossas sépticas, que, às vezes, são malfeitas. No estado de São Paulo, muitas envasadoras de água ficam em áreas urbanas, porque a proximidade do consumidor ajuda o negócio a ser mais lucrativo. Mas, na verdade, o maior problema das águas envasadas não vem do líquido, mas do contêiner de plástico. Se as garrafas e os garrafões fossem de vidro, poderíamos confiar mais na qualidade. Só que os problemas causados pelo uso do plástico já são bastante conhecidos e estudados.

PET, PP, PE, PVC, PC
O mundo dos plásticos é complicado. Aproximadamente 75% da água envasada no Brasil está em garrafões. “Eles podem ser confeccionados em todo e qualquer plástico – PVC, policarbonato (PC), polipropileno (PP) e polietileno (PE) –, desde que obedeçam aos regulamentos da Anvisa para embalagens em contato com alimentos”, afirma Carla Castilho, assessora técnica do Instituto Nacional do Plástico. Isso na teoria. Na prática, a indústria fabrica 90% dos garrafões em polipropileno e o restante, em politereftalato de etileno (PET) e policarbonato, segundo o Instituto Nacional do Plástico. O polipropileno tem custo baixo para o produtor. Isso é uma boa notícia, porque é o plástico menos propenso a ter Bisfenol A (BPA), uma substância química perigosa usada na produção.
A Anvisa autoriza o uso de BPA em materiais plásticos destinados ao contato com alimentos e estabelece, como limite seguro de migração, 0,6 miligrama por quilo de alimento e 0,6 miligrama por litro de bebida. A agência limita-se a estabelecer a quantidade de BPA que pode migrar de um produto para o alimento, não a quantidade máxima presente no produto.
Vários países europeus, como França e Dinamarca, estão proibindo o BPA nas embalagens de alimentos. Isso não tem relação com o nível de migração, e sim com os materiais onde está presente o BPA, como o policarbonato e as resinas epóxi em todas as latas de alumínio. É alta a probabilidade de que a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) reduza o nível de migração de 0,5 miligrama por quilo por dia para até 0,005 miligrama por quilo por dia.
No Brasil, somente as embalagens da água mineral Indaiá, do Grupo Edson Queiroz, um dos maiores do país, são feitas de policarbonato. Técnicos da empresa enviaram análises para nos convencer de que não há nenhum problema com os recipientes em policarbonato. Os resultados do laboratório, de fato, são ótimos. Só que os problemas causados pelos plásticos não acontecem quando as embalagens são novas, mas com a manutenção, a exposição ao calor e as múltiplas lavagens dos garrafões, que podem ser usados durante três anos. “Não podemos nos responsabilizar pela manutenção. Não depende da gente”, disse Francisco Sales, gerente industrial do grupo Edson Queiroz. Não, mas também ninguém pode dizer que a degradação dos plásticos não traz problemas para o consumidor. A degradação do PET, material das garrafas descartáveis, não é algo com que se preocupar se o recipiente for usado uma vez só.
Estudos científicos mostram ainda que, com o tempo, mesmo a qualidade da água mineral se degrada. Em 2009, uma pesquisa realizada por Martin Wagner e Jörg Oehlman, da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, detectou interferentes endócrinos – isto é, substâncias artificiais que agem no nosso corpo por serem parecidas com hormônios – em 12 das 20 amostras de água mineral analisadas. Os dois cientistas também inseriram moluscos em garrafas PET e de vidro e notaram que, nos recipientes plásticos, houve reprodução em uma velocidade maior. Isso também indica a presença desses contaminantes, que podem ter se desprendido do plástico das garrafas. As indústrias do plástico e da água contestaram os resultados.

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Caminhão com garrafões expostos ao sol no Catumbi, Rio: calor pode soltar componentes do plástico na água. Foto: Anne Vigna


Praticamente na mesma época, as pesquisadoras Barbara Pinto e Daniela Reali, da Universidade de Pisa, na Itália, detectaram uma contaminação semelhante, mas em menor nível, em amostras de água mineral italiana. Elas não souberam explicar a origem dos interferentes que apareceram em 10% das garrafas. Isso levou vários cientistas a pedir para a indústria do plástico que revelasse os segredos de fabricação, para entender o que acontece em uma água que fica um certo tempo nesses recipientes. A resposta foi o silêncio.
Devido à pouca colaboração da indústria, os problemas causados pelos ftalatos, outros produtos químicos usados no plástico, ainda são pouco conhecidos e estudados. Tanto os ftalatos quanto o BPA estão presentes em praticamente todo o plástico que há nas nossas casas. Os ftalatos são usados na fabricação de acessórios domésticos (piso, papel de parede), produtos infantis (mamadeiras, brinquedos, colchonetes para troca de fraldas, mordedores), embalagens (filme transparente, garrafas descartáveis) e até em utensílios médicos (cateteres, bolsas de sangue e soro). O BPA está nos equipamentos esportivos, em dispositivos médicos e odontológicos, produtos para obturação dentária e selantes, lentes para os olhos, todos os produtos com PVC, e policarbonatos, CDs e DVDs, eletrodomésticos, embalagens de plástico duras, jarras de água em plástico duro e latas de alumínio.
“Existem na vida janelas de exposição do BPA mais problemáticas do que outras. As crianças são mais expostas do que um adulto. Também ocorre maior migração de produtos químicos para a comida ou a água com o calor”, diz o pesquisador Wilson Jardim, da Unicamp. Ou seja, ainda falta muita informação sobre o perigo dos produtos e a toxicidade dos que já estão no meio ambiente. Hoje, temos consciência do perigo de substâncias que a geração anterior à nossa usava de maneira regular, como o DDT. Mas, como acontece agora, a indústria ou não informava ou negava o problema da contaminação.

Qual água é melhor?
É impossível saber se a água envasada é de melhor qualidade do que a água da torneira, pois há muito pouca informação sobre o uso de recipientes plásticos. A água tratada também tem poluentes em um nível pouco conhecido, mas com certeza menor do que o da comida não orgânica. A grande diferença entre as duas é que a água envasada traz ainda mais problemas para o meio ambiente, pelo fato de gerar lixo, aumentar as emissões de carbono e envolver consumo de energia na sua produção.

Como melhorar a água da torneira? (Veja o infográfico animado aqui.)
Parece que o único caminho para salvar a água potável é o da cidadania. As melhores experiências para se obter uma qualidade de água razoável ocorrem quando os cidadãos participam da gestão da água, fiscalizando as empresas de tratamento e exigindo que as autoridades aumentem o orçamento para o recurso “água”.
Hoje, o monitoramento das concessionárias no Brasil é feito pelas agências de vigilância sanitária de cada estado. Mas até as empresas reconhecem que não há fiscalização. As autoridades não parecem ter vontade de aumentar o orçamento para saneamento, mesmo sabendo, há muitos anos, que isso é mais do que necessário para melhorar tanto a água e o meio ambiente quanto a saúde das pessoas.
Ainda é possível mudar as coisas. As soluções existem, só que custam caro. No mesmo estudo sobre a contaminação das garrafas de água com agrotóxicos e medicamentos, as ONGs foram para regiões mais poluídas da França (nem toda a França é como Paris), onde os agrotóxicos chegam a níveis bem acima do permitido pela legislação, há muitos anos. A poluição obrigou as autoridades a investir em tecnologia de ponta para melhorar a qualidade da água. Conseguiram. Entre essas novas tecnologias estão nanofiltração, ultrafiltração, osmose reversa e tratamento com raios ultravioleta solares. Mas, para que os impostos sirvam a essa causa, a mobilização das pessoas é obrigatória.
No Canadá, na Europa, no México ou na Bolívia, existem numerosos exemplos de como a população retomou o poder sobre a qualidade, o preço e, inclusive, a propriedade da água. Também é necessária a vontade política das autoridades para limitar o uso de produtos químicos no meio ambiente e aumentar o apoio à agricultura orgânica. E da ajuda de todos no momento das compras – um consumo consciente, que prefira produtos menos danosos ao meio ambiente, tanto na fabricação quanto na vida útil. Isso significa não trocar de celular a cada novo modelo ou deixar de beber três pequenas garrafas plásticas de água por dia.
Infografico 1 parte 1 Dá para beber essa água?
Infografico 1 parte 2 1 Dá para beber essa água?
Infografico 1 parte 3 Dá para beber essa água?
Infografico 1 parte 4 Dá para beber essa água?
Infografico 1 parte 5 Dá para beber essa água?
Infografico 1 parte 6 Dá para beber essa água?
* Publicado originalmente no site Agência Pública.

segunda-feira, 17 de março de 2014

O tormento climático

Ambiente
17/3/2014 - 11h20

por José Eli da Veiga*
mudancasclimaticas1 300x230 O tormento climático

Têm sido inócuos os arranjos globais para manejo da mudança climática. Pior: não há sinal de que a rota venha a ser alterada. Mesmo na mais otimista das apostas – que um dia todas as nações responsáveis por significativa parte do dano venham a ter metas legalmente obrigatórias para contenção de suas emissões de gases de Efeito Estufa – ela será perdedora sem prévia formação de um preço mundial do carbono, algo incompatível com o Protocolo de Kyoto, cuja resiliência constitui o cerne do tormento.
Nas negociações desse Protocolo, entre 1993 e 1997, venceu a tese de que a melhor maneira de se atingir tal preço seria o comércio de emissões (“Cap-and-Trade”), contra o historicamente comprovado recurso à tributação. Em consequência, meros 7% das emissões globais de carbono são hoje afetados pelos dois mecanismos de formação de preço: “Esquemas para Comércio de Emissões” (ETS, em inglês) e alguns poucos tributos unilaterais em sociedades mais conscientes de que só com mercados jamais cumpririam suas metas.
Embora nos últimos nove anos tenham surgido uma dúzia de ETS, o único relevante é o EU-ETS, que envolve as 11.500 empresas responsáveis por 40% das emissões da União Europeia. Foi inevitável, portanto, que fortes compromissos políticos com a sustentabilidade tenham levado sete países dessa região à decisão de também tributarem de forma explícita outra parte de suas emissões. Há taxas-carbono na Dinamarca, na Finlândia, na Irlanda, na Suécia e agora no Reino Unido, assim como na Noruega e na Suíça, que preveem vínculos com o EU-ETS por acordos bilaterais.
No entanto, foi do outro lado do Atlântico, na província canadense da Colúmbia Britânica, que pintou o melhor dos impostos climáticos em vigor. Uma taxa-carbono que incide há cinco anos sobre a queima de todos os combustíveis fósseis, sem aumento de carga tributária. Para evitar que o desembolso de pouco mais de US$ 20 por tonelada de carbono emitido (trinta desde 2012) prejudique os negócios, a alíquota do imposto de renda das pessoas jurídicas foi reduzida de 12% para 10%. Esse é o máximo que pode ser feito sem perda de competitividade enquanto o exemplo não for seguido ao menos por outras das nove províncias e Estados dos EUA.
Prova dos nove do alerta feito pelos melhores estudos científicos sobre o tema: a única maneira eficaz de se administrar a mudança climática é a adoção de uma taxa mundial, mas incidente sobre o consumo, de modo que o preço de qualquer mercadoria também reflita seu correspondente teor de carbono. Não há melhor maneira de se catalisar inovações e investimentos pró-mitigação.
O principal problema prático desse projeto é a inviabilidade de se usar a convencional análise de custo-benefício no cálculo de qual deveria ser o valor da taxa, dada a impossibilidade de se estimar o custo social do carbono em âmbito global. Além disso, é óbvio que ela seria politicamente desastrosa se viesse a causar séria carestia.
Por isso, a saída seria que o preço mundial do carbono começasse bem baixo, mas com patente perspectiva de alta. E que os aumentos ficassem na dependência da avaliação do impacto obtido com o baixo preço inicial, em procedimento conhecido como “a learning-by-taxing process”. A organização encarregada de administrar essa dinâmica estabeleceria o preço do carbono assim como um Banco Central faz com a taxa de juros básica.
Infelizmente esse caminho mais racional para uma gestão da mudança climática foi interditado pela vitória de Pirro obtida pelo fundamentalismo de mercado nas negociações do Protocolo de Kyoto. Mais: em vez de esgotamento de sua inércia institucional, há temerária teimosia, além de muita criatividade, na proliferação de malabarismos aprovados em conferências das partes da Convenção (CoPs da UNFCCC). Espécie de obsessão em se preservar o legado, apesar de sua evidente impotência.
Esse contexto sugere a possibilidade de duas mudanças objetivas extremas que forçosamente exigiriam e induziriam correção de rumo. A pior seria que a atual marcha da insensatez fosse bruscamente interrompida por alguma séria catástrofe ecológica que provocasse atribulada e radical revisão da própria Convenção. A melhor seria que bem antes disso despontasse uma revolução tecnológica capaz de antecipar a aposentadoria das energias fósseis, tornando quase supérflua a parafernália já montada para se chegar a uma governança global da mudança climática.
O cenário mais provável, porém, é que gradualmente se combinem esses dois vetores polares. Por isso, para uma sociedade como a brasileira – que desfruta de imensas vantagens comparativas ecológicas e geográficas, mas que ainda nem sequer engatinha na direção das socioculturais vantagens competitivas – romper com o marasmo é assumir o duplo desafio de investir muito mais do que hoje na busca de inovações energéticas e, simultaneamente, abrir um sério e sistemático debate público sobre o sentido e a orientação de sua ação diplomática no âmbito do regime climático.

* José Eli da Veiga é professor sênior do Instituto de Energia e Ambiente da USP e autor de “A desgovernança mundial da sustentabilidade”.

** Publicado originalmente no site Eco21.
(Eco21)

segunda-feira, 10 de março de 2014

Mico-leão-preto: A história de sucesso na conservação de uma espécie ameaçada

10/3/2014 - 12h23

por Redação do Ipê
capamlp alta 200x300 Mico leão preto: A história de sucesso na conservação de uma espécie ameaçada

Livro conta a história do primata que já foi considerado extinto e como ações conservacionistas contribuíram para mais esperança de sobrevivência da espécie. Lançamento dia 19 de março

07 de março de 2014 – Ele só existe na Mata Atlântica do Estado de São Paulo, já foi considerado extinto da natureza e, ao ser redescoberto nos anos 70, foi alvo de pesquisas científicas e ações de mobilização comunitária que contribuíram para a sua sobrevivência, tornando-se símbolo de sucesso em conservação de espécies ameaçadas no Brasil e no mundo. Essa poderia ser a história resumida da vida do mico-leão-preto. Mas há muito mais histórias curiosas e interessantes para contar sobre os esforços para manter viva essa joia rara das matas paulistas. Elas agora estão no livro Mico-leão-preto: A história de sucesso na conservação de uma espécie ameaçada, escrito pela bióloga Gabriela Cabral Rezende, com lançamento oficial no dia 19 de março, na Livraria da Vila, em São Paulo.
Por meio de um levantamento enriquecido por entrevistas com personalidades brasileiras e estrangeiras que ativamente contribuíram para salvar essa espécie, a autora relata os esforços de pessoas engajadas para recuperar as populações de micos-leões pretos da natureza e, ao mesmo tempo, restaurar o habitat da espécie: a floresta Atlântica do interior de São Paulo. Além disso, a autora utiliza o Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto (do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas) como modelo, identificando quais são as principais estratégias e ações que podem levar um programa de conservação ao sucesso, e que também podem ser seguidas para a conservação de outras espécies.
O lançamento ocorre no ano em que um dos principais trabalhos realizados para a proteção da espécie, o Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto, completa 30 anos de existência. Parte da renda do livro será destinada ao programa do IPÊ, que trabalha pela conservação da espécie nos remanescentes da Mata Atlântica de São Paulo.
Já há exemplares à venda na loja do IPÊ: http://www.lojadoipe.org.br.

O mico-leão-preto
O mico-leão-preto é um primata de pequeno porte, pesa em média 600 gramas. Sua pelagem é abundante e brilhante, que forma uma espécie de juba ao redor da cabeça – daí o nome mico-leão. Pés e mãos são pretos, mas nem todo o corpo é assim, já que pode apresentar coloração alaranjada na parte posterior do corpo.
Sua alimentação é feita a base de frutos, sementes, flores, pequenos vertebrados e invertebrados. Costumam viver em grupos de 2 a 7 indivíduos, e à noite se escondem em buracos nos troncos das árvores para dormir.
A maior ameaça à conservação do mico-leão-preto é a fragmentação das florestas que ocasiona o isolamento e declínio das populações restantes e a consequente degradação do seu habitat. Ainda hoje, sua situação é grave visto que a espécie era listada no Red Data Book (UICN) como criticamente ameaçada de extinção. Hoje, devido aos esforços do Programa de Conservação do Mico-Leão Preto do IPÊ, este mico é listado em uma categoria mais esperançosa, passou de “criticamente ameaçado” para “ameaçado”, segundo o livro vermelho das espécies.
Sobre a autora
Gabriela Cabral Rezende é bióloga formada pela Unesp de Botucatu, com Mestrado Profissional em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável pela ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, e especialização em Manejo de Espécies Ameaçadas pela Universidade de Kent/Durrell Conservation Academy (Reino Unido). Já trabalhou com espécies como tartarugas e pinguins, mas o mico passou a ser sua paixão e hoje é pesquisadora do programa mico-leão-preto do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas. O livro é fruto do seu trabalho de conclusão do Mestrado Profissional, concluído em 2012.

Serviço
Lançamento
Mico-leão-preto: A história de sucesso na conservação de uma espécie ameaçada
Quando: 19 de março de 2014
Onde: Livraria da Vila (Alameda Lorena, 1731 – Jardim Paulista – São Paulo)
Horário: 18h30 às 21h30.
(Ipê)

sexta-feira, 7 de março de 2014

Poemação no Caleuche - homenagem ao dia da Poesia


Borboleta comum no cerrado é solução à praga que atinge girassóis

Borboleta comum no cerrado se adaptou às condições extremas do ambiente e tornou-se caso raro no mundo científico. A pesquisa pode até dar uma solução à praga que atinge girassóis


Roberta Pinheiro
Publicação: 07/03/2014 06:04 Atualização: 07/03/2014 08:21


 (Arquivo Pessoal)


Uma espécie de borboleta que habita o cerrado e pode ser comumente encontrada nos parques e céus de Brasília mostrou que, para enfrentar as extremas condições da seca na região, é preciso criar e recriar estratégias de sobrevivência. Diante da baixa umidade e das altas temperaturas, as lagartas do girassol, que posteriormente se transformam em borboletas de cor preta e laranja, entram em um processo de hibernação, conhecido pelos pesquisadores como diapausa. O mais interessante da espécie com nome científico de Chlosyne lacinia é que ela passa 220 dias quieta e sem se alimentar. Quando não entra no processo de diapausa, sobrevive apenas por volta de 35 dias. A lagarta foi analisada por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) — uma das únicas no mundo a estudar os aspectos metabólicos do inseto durante o processo de hibernação em zona tropical.

A lagarta do girassol tem o mesmo ciclo de vida das outras — ovo, larva, pupa e borboleta. Mas, quando exposta a condições adversas do clima, passa 220 dias adormecida. Só desperta para o estágio seguinte do desenvolvimento no momento em que o ambiente volta a ser favorável, isto é, com abundância da planta para a espécie se alimentar e depositar os ovos. Ao longo da “soneca”, o animal evita ao máximo o gasto de energia. Característica muito conhecida dos ursos polares, por exemplo.

Não se sabe ainda quais fatores ambientais induzem o início do processo de diapausa do bicho. O pesquisador Daniel Carneiro Moreira, responsável pela análise do inseto, explica que os animais do hemisfério Norte, de maneira oposta, usam o encurtamento dos dias para entender que o inverno se aproxima e podem, com isso, se preparar com antecedência para o período de clima hostil. No entanto, em zonas tropicais, o tempo menor não é marcante e não pode ser percebido com facilidade pelos animais. “Acreditamos que seja a queda da umidade o principal indutor e a principal condição hostil, no caso das lagartas do girassol”, afirma o pesquisador.

Daniel e seu professor: pesquisa sobre o inseto é um dos únicos do tipo no mundo inteiro (Daniel Ferreira/CB/D.A Press)
Daniel e seu professor: pesquisa sobre o inseto é um dos únicos do tipo no mundo inteiro


quinta-feira, 6 de março de 2014

Painel discute desafios para gestão da água

06/3/2014 - 10h36
por Redação do Inpe
mb agua brasilescola 300x196 Painel discute desafios para gestão da água

Diferentes aspectos da governança da água estarão em debate no dia 11 de março durante o “International Expert Panel on Global Challenges of Water Governance”, promovido pela Divisão de Sensoriamento Remoto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP).

O tema é dos mais relevantes, considerando a atual realidade do sudeste brasileiro que enfrenta um verão atípico, com o nível dos reservatórios cada vez mais baixos. Serão abordados os impactos das mudanças climáticas globais sobre a disponibilidade da água, monitoramento fluvial, gestão de áreas úmidas e de águas na Amazônia, entre outros assuntos.

O painel deve aproximar o conhecimento da comunidade científica das necessidades dos gestores e tomadores de decisão para a definição de novas metas, linhas de pesquisa e fomento para a melhoria na governança dos recursos hídricos.

Entre os palestrantes, destacam-se José Galizia Tundisi e Carlos Nobre. Tundisi é o atual secretário de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia do município de São Carlos e também presidente do Instituto Internacional de Ecologia e ex-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Nobre, que atua como secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), foi coordenador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e do Centro de Ciências do Sistema Terrestre (CCST) do INPE.

Também participa do evento Américo Sampaio, superintendente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), empresa que fornece água para 363 municípios, atingindo 27,9 milhões de pessoas.
Pesquisadores nacionais e internacionais de diferentes instituições, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), INPE, Universidade da Geórgia e Universidade de Nebraska também farão parte do painel.

Segundo os organizadores, José Luiz Stech e Igor Ogashawara, da DSR/INPE, “o evento irá trazer benefícios não só para a comunidade científica mas para toda a comunidade, uma vez que existe uma carência em pesquisas de qualidade e quantidade de água, que são temas que afetam diretamente a população”. Os organizadores ainda destacam a presença do representante da SABESP devido ao acordo de cooperação desta companhia com a FAPESP para apoiar projetos de pesquisa na área de saneamento, possibilitando assim a seleção de linhas de pesquisa para chamadas futuras da parceria.
Veja aqui a programação completa e outras informações sobre o evento.

* Publicado originalmente no site do Inpe e retirado do site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)

quarta-feira, 5 de março de 2014

Bienal de literatura seleciona participantes; inscrições vão até quarta

Do total de inscritos, uma comissão selecionará 18 obras que serão lançadas durante o evento, programado para acontecer entre 12 e 21 de abril


Nahima Maciel
Publicação: 04/03/2014 09:57 Atualização:
Hugo Rodas está na programação dedicada às leituras dramáticas (Divulgação)
Hugo Rodas está na programação dedicada às leituras dramáticas

Os autores de Brasília têm até amanhã para se inscrever no edital que vai selecionar os lançamentos a serem realizados durante a 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura. O edital apresenta a possibilidade de inscrição em oito categorias — biografia, conto, crônica, infantil, juvenil, poesia, romance e reportagens — e todos os livros devem estar na primeira edição. Do total de inscritos, uma comissão selecionará 18 obras que serão lançadas durante o evento, programado para acontecer entre 12 e 21 de abril. Segundo Nilson Rodrigues, coordenador geral da bienal, essa é apenas uma das fases de seleção de autores de Brasília na programação do evento.

Rodrigues e Luiz Fernando Emediato, curador da Bienal, foram criticados por alguns escritores presentes no auditório da Biblioteca Nacional durante o lançamento do evento, no fim de janeiro. Na época, a lista de convidados ainda não estava fechada e incluía apenas autores de fora da cidade. “Quando dizem que a programação do escritor local ainda vai ser feita isso já mostra que o escritor de Brasília vai ficar em segundo plano”, disse Marco Polo Haickel, maranhense radicado em Brasília, no dia do lançamento.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2014/03/04/interna_diversao_arte,415722/bienal-de-literatura-seleciona-participantes-inscricoes-vao-ate-quarta.shtml