sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Reverberações da Memória (suíte aos deuses da chuva e do vento)


REVERBERAÇÕES DA MEMÓRIA
(suíte aos deuses da chuva e do vento)

“A gente se encostava no frio, escutava o orvalho, o mato cheio de cheiroso, estalinho de estrelas, o deduzir dos grilhos...”. João Guimarães Rosa. Grande Sertão, Veredas.


i) a destreza do dia

a destreza do dia assopra as nuvens azuis
montanhas adentro dos vãos de Minas
faz balançar meus cabelos longos
faz tiritar versos de sinos
nas pedras

a destreza do dia solapa memórias
manhas de neurônios relapsos
faz dançar poemas de muitos sonhos
faz reverberar destinos
sem eras

ii) a espeleologia da tarde

a ilógica magia de seus subterrâneos
aprofunda-me em meus extemporâneos
anseios e medos (espeleotemas)
meteorológica previsão:
ilusão de caverna de Platão.

iii) a sinfonia da noite

secura austera
tempestade de areia
dizem que lá no Guará, choveu!

marcos freitas.

Publicado na 2ª Coletânea Poética do Guará, 2011.
Lançamento, hoje, 25/11, no Teatro do Guará - DF.

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