terça-feira, 3 de maio de 2011

Reynaldo Jardim ganha homenagem do Poemação


01/05/2011

O inventor de jornais, poemas e outras artes

Para Ziraldo e para muitos que sabem de sua história, Reynaldo Jardim foi (e é) um inventor compulsivo. É um dos grandes nomes da imprensa e da arte no Brasil. E um nome que veio para enriquecer a vida cultural de Brasília. Reynaldo Jardim, falecido em fevereiro deste ano, é o homenageado na décima-sétima sessão da série Poemação nesta terça, dia 3 de maio, no auditório da Biblioteca Nacional. E, como era do feitio de Reynaldo, a homenagem não será exclusiva ao homenageado; outros arteiros prometem aparecer na noite do Poemação com suas proprias invenções.

Paulista, de arte longa e vida também, Reynaldo é conhecido, antes de tudo, por ter sido um jornalista que revolucionou o desenho dos cadernos de cultura na nossa imprensa. Isso aconteceu no final dos anos 1950 no Jornal do Brasil. Os vários dons de Reynaldo Jardim foram a reportagem, o olhar crítico, a exatidão concretista, as fagulhas tropicalistas, o projeto de quem sabia transitar com liderança entre a arte e o jornalismo, ponte rara na história da imprensa brasileira.

Esta é a décima-sétima edição do sarau videoliteromusical Poemação, liderado pelos escritores Marcos Freitas e Jorge Amâncio. E como Reynaldo era frutífero, sua neta, Beth Jardim, vai estar presente, transmitindo o DNA do avô e se permitindo continuá-lo entre nós.

Reynaldo escreveu coisas raras e primorosas, como os livros Joana em Flor e Maria Bethânia, Guerreira, Guerrilha. Como jornalista, realizou reformas gráficas não só no Jornal do Brasil, mas em vários jornais do país. Claro, o JB, com o seu Suplemento Dominical foi a ponta de lança. Estava antenado com os movimentos do concretismo, do neoconcretismo, da música brasileira que logo seria bossa nova. Foi só aí que praticamente os jornais, na categoria da informação artística e cultural, deixaram de ser parnasianos. O Suplemento Dominical teria sequência no Caderno de Domingo e no Caderno B.

Mais independente, Reynaldo também criou o jornal O Sol, que estava nas bancas de revistas e inspirou Caetano Veloso. Foi definitivo e influente em diversos diagramas da mídia impressa no país. Passou pelas revistas Manchete e O Cruzeiro, estações de rádio e televisão.

Em 1964, Reynaldo se viu obrigado a deixar o Jornal do Brasil devido à repressão militar, mas deu a volta por cima como diretor da revista Senhor e diretor de telejornalismo da TV Globo em sua fundação.

Em, Brasília, sem nenhum alarde, brincou de continuar sua técnica. E, provavelmente, reservou mais tempo para si como homem do verbo e da inspiração. Suas Sangradas Escrituras, último livro do autor, chegaram ao reconhecimento do polêmico Prêmio Jabuty. E um dos poemas inspirou um filme de Alisson Sbrana, Profana Via Sacra, que foi um dos destaques do Festival de Brasília do Cinema Brasileira de 2010.

E como não parava de sonhar e criar, Reynaldo projetava em detalhes uma cidade que se chamaria Futura, para artistas, ambientalistas, alternativos e pensadores. A cidade seria construída perto da cidade de Pirenópolis.

Nesta terça, estarão presentes na homenagem a Reynaldo Nazareth Tunholi, membro da Academia Internacional de Cultura e Academia de Letras e Música do Brasil, Carlos Augusto Cacá e Marina Mara. O multiartista Paulo Dagomé, fundador do grupo Radicais Livres, de São Sebastião, apresenta a turma do movimento literário SuperNova. Um livro será lançado, Música Muda, de Luis César de Souza e Lacone Almeida faz a apresentação musical da noite.

O sarau é realizado na primeira terça-feira de cada mês com o propósito de ressaltar a poesia brasiliense, sendo desde já uma prévia da II Bienal Internacional de Poesia de Brasília (II BIP), que está agendada para o período de 14 a 17 de setembro de 2011.

Celso Araújo

serviço
evento: Poemação 17, sarau videoliteromusical
data: 3 de maio
hora: 19h
local: Biblioteca Nacional de Brasília

Setor Cultural Sul
entrada franca

Fonte: http://www.brasiliagenda.com.br/control/noticia_detalhe.php?not_id=678

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