Nesta semana, a AJB3 e a AJAB
continuaram as visitas aos deputados distritais para externar nosso
repúdio ao PL 182, que pretende reorganizar o Distrito Federal reduzindo
as atuais 31 Regiões Administrativas para 24, com a extinção da RA
XXVII, Jardim Botânico, entre outras.
Em conversa com o Deputado Wasny de Roure, este foi bem claro ao
expressar sua opinião: em discurso no plenário da Câmara Legislativa,
sugeriu ao governo a retirada do projeto. O deputado confirmou em
estudos preliminares o que temos dito, ou seja, que não há economia de
recursos com a extinção das RAs, porque, além de se manterem todos os
cargos, há aumento do valor dos comissionados.
Parece
evidente que o PL 182 foi feito de afogadilho e sem um estudo mais
aprofundado do papel de cada Região Administrativa do ponto de vista
social, econômico e político. Quando o número de RA foi ampliado há
quase uma década, de fato, havia questionamentos sobre o excesso de
administrações e, claro, sobre o papel extremamente questionável de
torná-las verdadeiros feudos políticos para o abrigo de cabos eleitorais
pagos pelo Estado.
Isso, aliás, deveria ser o primeiro ponto de um projeto sério, que
pretendesse reorganizar o Distrito Federal, já que, nos termos da
Constituição de 1988, é vedada a subdivisão do DF em municípios.
As RAs não existem por mero capricho, muito menos para fins
eleitoreiros. Devem ser o principal elo entre as demandas da população e
as diretrizes de governo para cada localidade. Precisam ter estrutura
organizacional mínima, com quadro efetivo de servidores e definições de
competências e atribuições.
Por vezes, como bem lembrou o deputado Wasny de Roure, comunidades
próximas geograficamente têm demandas e valores identitários muito
diferentes. Uma Administração Regional no Varjão, por exemplo,
justifica-se não pelo tamanho da comunidade, mas pela necessidade de
promoção do desenvolvimento social e inclusivo. Trata-se de uma demanda
bem diferente das apresentadas pela comunidade do Lago Norte, compostas
por famílias de classe média.
Comparação semelhante é válida em relação ao Jardim Botânico e o Lago
Sul. Se esta é uma comunidade consolidada, com equipamentos públicos e
demandas específicas, a nossa está em fase de formação e não dispõe
sequer de delegacias, unidades de pronto-atendimento, Corpo de Bombeiros
ou adequação das vias de acesso, com a construção do viaduto da ESAF.
Vale lembrar ao governador Rollemberg que o Jardim Botânico concentra
boa parte dos condomínios em processo de legalização e é uma região
sujeita à ação de grileiros. É difícil entender que um governo cujo
objetivo seria dialogar com a comunidade e inovar possa ter a coragem de
extinguir uma RA de tamanha importância como a do Jardim Botânico.
Um governo que apresenta um projeto como o PL 182 demonstra
desconhecimento da complexa realidade fundiária, econômica e social do
Distrito Federal. Deixa transparecer que encaminhou à Câmara um rascunho
de gabinete, sem o devido estudo e audiências com as comunidades de
cada região.
Nem mesmo os conselhos comunitários, uma ideia boa, porque teria o
condão de aproximar governo e comunidade, escapa ao simplismo e à falta
de sistematização. Quantos membros terão esses conselhos, como
funcionarão, de quantos anos serão os mandatos, de que maneira
fiscalizarão os administradores regionais são pontos essenciais numa
peça dessa natureza. Mas, infelizmente, o legislador de última hora as
deixa escapar e preferiu, por incapacidade ou incompetência, lavrar um
projeto lacônico, impreciso, que mais atrapalha que ajuda na solução dos
problemas das diferentes comunidades do Distrito Federal.
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