O fogo começou no último domingo (9/8) e demorou mais de 24 horas para ser controlado. A área fica na zona de amortecimento do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, ponto mais alto da nascente de dois rios que abastecem a cidade
postado em 12/08/2015 18:17
/ atualizado em 12/08/2015 19:41
Uma área de lixão a céu aberto em Alto Paraíso (GO), município
goiano a aproximadamente 220 quilômetros de Brasília, pegou fogo e causou
transtornos a moradores da região do entorno do Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros. O incêndio começou por volta das 15h do último domingo (9/8) e
demorou até segunda-feira (10/8) para ser controlado. A área fica na zona de
amortecimento do parque, ponto mais alto da nascente dos dois rios que
abastecem a cidade -- Rio dos Couros e Bartolomeu.
Moradores da cidade entraram em contato com a prefeitura. Um
vigilante acionou o gerente do Parque Nacional, Fernando Rebello, que ajudou a
combater o fogo com caminhões pipas de 1 mil litro. "Dos três focos que
combatemos no domingo esse é o pior, porque é plástico que está queimando.
Quando essa substância entra em combustão abaixo de 800 graus produz dioxina,
um material químico que esteriliza mamíferos e inclusive nós mesmos”,
esclareceu.
O Instituto Biorregional do Cerrado (IBC) é vizinha a região. Na
comunidade vivem 20 pessoas que ficaram em alerta devido a possibilidade do
vento direcionar a fumaça para o espaço. “Tivemos que sair mais de uma vez no
período de 15 dias, porque o ar estava irrespirável”, contou a coordenador
institucional do IBC, Cintia Aparecida de Godoy, 41 anos. “Já denunciamos no
Ministério Público, na delegacia e na prefeitura. Aqui é uma região de muitos
ventos e o materialé muito tóxico”, ressaltou.
Segundo o Corpo de Bombeiros de Goiás, uma das hipóteses para a
ocorrência desses incêndios é a ação criminal de pessoas interessadas em
adquirir metais nobres para venda. “É imprescindível ter um vigitante aqui, ou
ao menos uma ação emergencial por parte da prefeitura para quando começar o
fogo. Na semana passada demoramos três dias para conseguir apagar as chamas”,
disse Rebello.
Chamas se propagam em razão do vento
SOLUÇÃO
Segundo o assessor do gabinete de Alto Paraíso, Jair Barbosa
Souza, nesse momento a prefeitura não tem recursos suficiente para colocar
vigilância no lixão, além de não ter um plano emergencial para combater o fogo
nessas situações. “Nosso município está na faixa dos menores repasses do
Governo Federal e desde 2014 tivemos uma redução de 25% a 30% do valor
destinado. Essa realidade impossibilita a contratação de recursos humanos para
essa problemática”, explicou. “Estamos subordinados ao Corpo de Bombeiros da
cidade de Minaçu que fica a 100 quilômetros daqui e tem acesso por estrada de
terra. Como uma solução possível, solicitamos a instalação de um posto ativo
mais próximo”, contou.
Em uma reunião que ocorreu dois dias antes do incêndio, o
Secretário do Meio Ambiente da cidade, Júlio Itacaramby, afirmou que a
prefeitura tem cumprido o processo de fazer o aterro controlado como medida
rápida para a solução do problema. No local o lixo sólido será enterrado. “Isso
está longe de ser o ideal mas com a nossa grande limitação já é alguma coisa”,
explicou o assessor do gabinete de Alto Paraíso.”Essa não é uma questão de
falta de prioridade do poder público local, mas do nacional em todas as
esferas. O problema é generalizado e está relacionado à política dos resíduos
sólidos que atualmente está em debate no Congresso para a ampliação dos prazos
de implementação que poderão ser estendidos até 2021”, conlcuiu.
Para o presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio
Ambiente (Condema), Thomas Enlazador, é importante que a prefeitura assuma um
protocolo de segurança enquanto não tem uma solução definitiva. “No
momento em que o lixão começar a ser incendiado tem que ser disponibilizado
imediantemete uma retroescavadeira com um tratorista para fazer o manejo adequado
e enterrar esse resíduo que pega fogo”, avaliou. “Alto Paraíso está dentro do
território da Chapada dos Veadeiros que é patrimônio natural da
humanidade e reserva da biosfera onde ficam as principais nascentes de águas
puras para consumo humano no Brasil e não estamos fazendo jus a esses títulos”,
enfatizou
Entre as iniciativas em prol da resolução do problema está a
Recicle Alto que realiza a destinação adequada de cerca de 10 a 15 % do lixo
reciclável da cidade, o que totaliza 70 mil toneladas dos 200 produzidos no
município.“A solução tem que vir das várias frentes caminhando juntas como a
coleta, triagem e destinação correta do material. O lixo que esta lá pode
voltar ao mercado e o que precisamos são recursos e infraestrutura”,
disse Luis Carlos, 50, responsável pela recicladora.
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